Pacote do Sartori

Governo deve comunicar nesta quinta demissão dos funcionários do Porto de Pelotas

Medida faz parte do pacote do governador José Ivo Sartori que extinguiu órgãos públicos, dentre eles a SPH

Jô Folha -

É uma questão de tempo. Mais de dois terços dos funcionários do Porto de Pelotas receberão entre quinta (19) e sexta-feira as cartas com a notificação de suas demissões. A partir disso, o Estado deve concluir os desligamentos em até oito dias. A ação é um reflexo da aprovação do pacote de medidas do governador José Ivo Sartori (PMDB) que deu fim a fundações e órgãos públicos estaduais, dentre eles a Superintendência de Portos e Hidrovias (SPH).

Na tarde desta quinta, os trabalhadores portuários se reuniram e foram informados de que, após uma reunião em Porto Alegre, o governo decidiu dar andamento à extinção da SPH e desligamento dos servidores. A medida não havia sido tomada até então por conta de uma série de liminares de sindicatos ligados a fundações que impediam as dispensas. No entanto, uma decisão tomada na semana passada pelo ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), suspendeu o efeito e autorizou o Palácio Piratini a prosseguir com o encerramento dos órgãos públicos.

Ao todo, serão 117 servidores celetistas da SPH desligados em todo o Estado. Destes, 36 atuam em Pelotas em atividades administrativas, de sinalização, guarda, conservação, reparo de embarcações e tripulação. Com a confirmação da saída destes funcionários, o porto passará a operar com apenas 16 pessoas em seu quadro. “É uma decisão que não leva em conta o impacto social para dezenas de trabalhadores e suas famílias. Além disso, desconsidera totalmente a importância pública e estratégica do porto”, aponta Marco Antonio de Oliveira, presidente da Associação dos Servidores Hidroviários de Pelotas.

Trabalhando há 38 anos como artífice auxiliar, Hélio Oliveira, 62, não escondia a revolta logo após saber que em pouco mais de uma semana pode perder o emprego. “O governo alega que é economia para pagar salários em dia e investir em segurança e saúde. Isso é enganação. Vão acabar pagando mais caro por um trabalho que hoje é feito por funcionários públicos com mão de obra qualificada”, protesta. De acordo com estimativa dos portuários, serviços como a dragagem da hidrovia terão seus custos dobrados, já que o valor médio do metro cúbico executado pela SPH é de R$ 14, enquanto empresas terceirizadas cobram cerca de R$ 30.

Problemas alfandegários

Outro reflexo imediato dos desligamentos deverá ser sentido na alfândega do Porto de Pelotas. Com a saída da maioria dos trabalhadores, os serviços tendem a ser interrompidos, atrapalhando a nacionalização de produtos que chegam diretamente aos terminais para abastecer empresas locais e da região.

“Após a oficialização dos desligamentos, vamos procurar a Receita Federal para tentar viabilizar uma alternativa que impeça a parada do trabalho alfandegário”, afirma Claudio Oliveira, administrador do porto. Segundo ele, a situação de toda a estrutura é delicada com a possível saída de 70% dos servidores. No entanto, nega que possa atrapalhar a movimentação de cargas, já que essa é uma incumbência de operadores privados.

Para o superintendente do Porto do Rio Grande, Janir Branco, responsável pela administração das estruturas de Pelotas, Porto Alegre e Triunfo, afetadas pelos desligamentos, não há alternativa diante da aprovação do fim da SPH. “A definição é de cumprir a legislação. Com o quadro existente vamos ter que dar conta das atribuições. Ainda não tenho condições de avaliar que tipo de impacto isso terá nas operações”, comenta.

 

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